Introdução
Estudar sobre Autoridade Espiritual pode parecer a
alguns que se trata de um tema seco, mas a essência da própria espiritualidade
está na relação certa de obediência a Deus. O Senhor age a partir do seu trono
que está estabelecido sobre a sua autoridade. Isto é básico e coloca tudo como
Deus quer. Louvar, orar, jejuar ou fazer qualquer coisa sem submissão não tem
valor para Deus. É mecânico e sem vida.
I. Princípio Divino
Deus é autoridade em si mesmo, e tudo que no mundo (cosmos) existe é
sustentado pela palavra do poder de sua autoridade (Hb 1.3). Nada sobrepuja a
autoridade de Deus no universo. Logo, é indispensável, para todo aquele que
deseja cooperar com o Senhor, conhecer a autoridade de Deus. Entrar em contado
com a autoridade do Senhor é o mesmo que entrar em sintonia direta com Deus.
"A maior das exigências que Deus faz ao homem não é a de carregar a cruz,
servir, fazer ofertas, ou negar-se a si mesmo. A maior das exigências é que
Obedeça".
"Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocausto e sacrifícios
quanto em que se obedeça a sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é
como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como idolatria e
culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te
rejeitou a ti, para que não sejas rei." 1Sm 15.22-23
Diante disso, rejeitar uma ordem de Deus é o mesmo que ir contra o
próprio Deus. No Reino de Deus está implícita a Dependência. Dependência a tudo
que o Senhor determina, isto é, sendo-lhe completamente submisso. Jesus prega o
Evangelho do Reino porque conhece o problema principal do homem: a sua
independência para com Deus. Na independência está implícita a Rebeldia. E o
evangelho do reino ataca a causa, levando o homem à dependência do Senhor e,
conseqüentemente, a torná-lo salvo e regenerado. O evangelho do reino é a única
maneira de recuperar um rebelde.
II. Princípio Satânico
"O arcanjo transformou-se em Satanás quando tentou usurpar a
autoridade de Deus, competir com Deus, e assim se tornou um adversário de Deus.
Foi a rebeldia que provocou a queda de Satanás"
(Is 14.12-15; Ez 28.13-17). A intenção de Satanás de estabelecer o seu trono
acima do trono de Deus foi o que violou a autoridade do Senhor. O princípio de
rebelião é passado a todos os homens depois da queda de Adão. Este princípio o
Senhor abomina: é como feitiçaria.
Sempre que alguém peca contra a autoridade de Deus, peca diretamente
contra o Senhor. Não podemos permitir espaço para rebeldia em nossas vidas.
Temos que vivê-las em completa santidade, assim como Jesus, que em nada foi
rebelde ao Pai. Ele vivia, como vive, para agradar ao Pai e em tudo lhe ser
submisso.
III. Autoridade
Delegada: Rm 13.1
O princípio de autoridade delegada é que rege todas as relações do homem
com o homem, bem como do homem para com Deus. Todas as coisas estão debaixo
deste princípio, nada está solto. Este é um princípio de ordem e paz, nunca de
confusão. Deus assim criou todas as coisas , mas ao rebelar-se, Lúcifer gerou a
confusão. E, pior, está levando todos os homens a viverem debaixo do princípio
de rebelião.
Como funciona o princípio de autoridade delegada? Na Trindade temos que
o Pai é igual ao Filho, que é igual ao Espírito Santo. Na essência os três são
iguais. Todavia, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são diferentes nas funções.
O Pai enviou o Filho (Jo 4.34).
O Filho veio (Jo 16.28).
O Filho foi obediente ao Pai (Jo 8.29).
O Filho enviou o Espírito Santo (Jo 15,26;14.26).
O Espírito Santo veio (At 2.16-17).
O Espírito Santo é obediente ao Filho (Jo 16.12-15).
A Trindade é a fonte de toda a verdade. Este princípio divino é
encontrado em todas as relações estabelecidas por Deus. Temos que numa família
o pai é igual â mãe, que é igual aos filhos. O ocorre que na família, o pai é o
cabeça e a mãe a ajudadora. Eles são iguais, têm o mesmo valor para o Senhor,
mas têm funções diferentes.
Há uma tendência de se pensar que se submeter é ser inferior. Jesus
nunca foi inferior ou menor que o Pai pelo simples fato de lhe ser submisso.
Pelo contrário, Jesus Cristo tem o nome que está acima de todo nome (Fp 2.9).
Temos que entender que entre iguais há uma relação de autoridade e submissão.
Isto faz parte da ordem divina. As autoridades delegadas estão em todas as
áreas de nossas vidas. Um discípulo do Senhor deve, onde estiver, procurar
saber quem é a autoridade delegada para a ela se submeter.
A. Deus Delega Autoridades em Todas as
Áreas da Vida:
·
Civil: Rm 13.1-3.
·
Trabalho: Ef 6.5-6; Tt 2.9-10; 1 Tm
6.1-2.
·
Família: Ef 5.22-24; 6.1-4.
·
Igreja: 1Co 12.28
Todo discípulo do Senhor, onde estiver, procura saber quem é a
autoridade, para a ela se submeter. Não há espaço para o "super-espiritual".
B. O Problema do Super-Espiritual:
Quem é este ? É aquele que aparenta espiritualidade, mas esconde uma grande
rebelião e que traz muito dano ao corpo de Cristo. O super-espiritual costuma
dizer: "Eu só obedeço a Cristo, o Senhor. Não estou sujeito a nenhum
homem!" Isto é loucura. Toda vez que se diz "Deus, quero
te obedecer", o Senhor responde bem claro e preciso: "Ótimo!
Então, obedeça ao teu marido, teu pai, teu chefe, teu pastor!" Aí
aparece o super-espiritual declarando: "Não, eu só obedeço ao
Senhor, a ninguém mais. Só obedeço o que tu me falares pessoalmente!" E,
o Pai, responde com toda firmeza: "Mas o meu desejo é que me obedeças
através deles". Regularmente escutamos esta outra resposta: "Você
não sabe quem é o meu marido, pai, chefe". Ou ainda: "Meu
marido é um alcoólatra, meu pai é incrédulo…"
É inadmissível declarar obediência a Deus e não às autoridades por Ele
delegadas. Sempre que obedecemos às autoridades delegadas estamos submissos a
Deus, estamos agradando ao Pai. Obedecer somente quando se concorda não é
espírito de submissão. É rebeldia e independência. Importa que, concordando ou
não com a ordem, a obedeçamos de coração. É assim que se age perante Deus.
Enquanto não reconhecemos as autoridades delegadas sobre nós, não chegaremos à
maturidade nem ao alvo. Precisamos de guias que nos levem pelas mãos, para que
não fiquemos no caminho, sem atingirmos o alvo: "...jazem nas estradas
de todos os caminhos, como o antílope na rede" (Is 51.17-20). Os
homens esperam que a igreja apareça e os tome pelas mãos, guiando-os,
levando-os pelo caminho em que devem andar.
IV. Submissão, um
Princípio de Deus
A. O que é Submissão?
Não é mera obediência externa, nem tão pouco quando controlado. Submissão
é prestar obediência inteligente a uma autoridade delegada. É exteriorizar
um espírito submisso, mesmo quando ninguém está por perto. É renunciar à
opinião própria quando se opõe à orientação daqueles que exercem autoridade
sobre nós.
Quando é que aprendemos o que é a submissão? Quando é que nos convertemos?
Quando aceitamos o senhorio de Cristo sobre nossas vidas. Quando
verdadeiramente renuncio a tudo o que tenho, nego a mim mesmo , tomo a cruz e
sigo ao Senhor. Sigo submisso às direções e orientações que recebo das
autoridades delegadas. "Tende em vós o mesmo sentimento que houve
também em Cristo Jesus", "antes a si mesmo se esvaziou"...
"a si mesmo se humilhou", "tornando-se obediente até a morte, e
morte de cruz" (Fp 2 5-8). Só existe um caminho para a submissão,
andar como Cristo andou (1Jo 2.6). Ele é o nosso modelo. E, "embora
sendo Filho (Jesus homem), aprendeu a obediência pelas coisas que
sofreu" (Hb 5.8).
Sem submissão jamais chegaremos ao alvo. Nem estaremos sendo cooperadores do
Senhor. Se alguém é independente, rebelde, não é membro do corpo, pois sendo
membro será sempre dependente, submisso. Como pode um membro subsistir no corpo
se não se submeter às ordens da cabeça? Assim também nós não podemos subsistir
no corpo de Cristo se não formos sujeitos as autoridades delegadas. Quando uma
mulher não se submete ao seu marido, ou quando um filho não obedece ao seu pai,
ou quando o empregado não acata a ordem de seu chefe, ou quando o discípulo não
se submete aos autoridades, é porque estão cheios de si mesmos. Quem está cheio
de Cristo está cheio de obediência. O evangelho do reino aniquila com a
independência do homem, bem como com a rebeldia: faz do homem um Ser submisso.
B. Os Frutos da Sujeição.
Quando o homem vive no princípio de
submissão às autoridades delegadas por Deus, ele desfruta de benefícios
desejados por todos os homens, a saber:
1.
paz, ordem e harmonia no corpo de
Cristo;
2.
edificação e formação de vidas;
3.
unidade e saúde na igreja;
4.
cobertura e proteção espiritual.
V. Autoridades
Delegadas na Igreja.
A igreja de Cristo é governada por Cristo e, não, pelo povo. Não existe
democracia na igreja, porque a igreja não é do povo, é de Deus. O que existe é
a teocracia: o governo de Deus através de suas autoridades delegadas.
É impossível edificar a alguém que não se submete à autoridade. Não há nada mais frustrante do que apascentar "cabras e
bodes". Um filho espiritual obedece naturalmente.
A. Quem são as Autoridades Delegadas na
Igreja?
1.
Cristo : Ef 1.20-22.
2.
Palavra : Mt 7.24; Jo 15.10; Cl 3.16-17. Ninguém pode dizer que é submisso a
Cristo e sua igreja se não obedece à palavra do Senhor.
3.
Apóstolos : At 2.42; 20.17; 2Ts 3.4,6,10,12; 2Co 11.34; 16.1; Tt 1.5. Os apóstolos
determinavam a doutrina e usavam amplamente a autoridade que Deus lhes havia
outorgado. A igreja continua necessitando desse ministério. Continua precisando
que os apóstolos ordenem tudo, estabeleçam o reino de Deus com clareza e
firmeza.
4.
Pastores : Ef 4.11, 1Tm 5.17. Estes, como os apóstolos, profetas e evangelistas,
são ministérios específicos de governo e têm a responsabilidade de manterem o
ensino, a visão, a doutrina sempre firmemente claros, cuidando para que não
percam sua consistência, e fiquem fofos.
5.
Paterna : Ef 5.22-24; 6.1-3; 1Co 11.3. O homem é o cabeça, autoridade delegada por
Deus no seu lar, isto porque o Senhor assim o constitui para o desenvolvimento
harmônico da família. O homem não deve ser "ditador" nem tão pouco um
"frouxo". Ele deve ordenar, governar sua casa dentro dos princípios
divinos, com amor. O cabeça deve sempre procurar escutar o ponto de vista de
sua esposa. E a mulher deve deixar com o marido a responsabilidade da decisão.
A mulher e os filhos precisam da proteção e da autoridade do esposo e pai em
todas as áreas de suas vidas. É assim que Deus determinou, mesmo que ele,
marido ou pai, seja incrédulo.
6.
Guias : 1Co 16.16; 1Ts 5.12-13; Hb 13.17. Todos devem estar ligados por
"juntas" ou "ligamentos", no corpo de Cristo (1Co
12.12-13). São estes que nos unem ao corpo, nos presidem e nos fazem conhecer
as ordens do cabeça, nos ensinam e nos conduzem, guiando-nos no caminho do
Senhor , sem necessariamente serem pastores. Isto faz um corpo coeso e firme.
7.
Uns Aos Outros : Ef 5.21; 1Pe 5.5. Isto embeleza a casa de Deus. Livra a igreja de uma
hierarquia religiosa. Todos se comunicam entre si compartilhando a palavra do
Senhor, aconselhando ou mesmo corrigindo uns aos outros.
B. Estar Sob Autoridade Realça a
Personalidade
Ser submisso não aniquila, nem castra a personalidade de ninguém. Pelo
contrário, realça a vida de qualquer um. Cristo foi o tempo todo submisso,
humilde, sempre servindo. E o que ocorreu com Ele? Jesus Cristo recebeu o nome
que está acima de todo nome (Fp 2.9).
"As palavras que vos digo não vos digo por mim mesmo" (Jo
14.10). Os escribas eram "papagaios", mas Jesus tinha autoridade
porque estava sob a autoridade do Pai (Mc 1.22). A autoridade que tinha para
perdoar os pecados vinha da submissão ao Pai (Mc 2.10). A autoridade dinâmica
que Jesus teve extrapolou as tradições. Teve coragem para isto, porque estava
sempre sob a autoridade do Pai (ex.: os cambistas no templo, Jo 2.13-16).
Deus quer uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus, por isso nos coloca
a todos sob o seu princípio de Autoridade e Submissão. Aleluia!
VI. Qual é o Propósito
da Autoridade na Igreja?
Para cumprir a grande comissão: "Ide,
fazei discípulos…" (Mt 28.19-20). A autoridade está para ensinar,
educar na justiça, instar, aconselhar, ordenar, corrigir, consolar, repreender,
disciplinar, animar e abençoar (2Tm 2.2; 3.14-17; 4.1-4; Tt 2.11-15; 3.8-11).
VII. Ser Autoridade
Delegada Por Deus
Somente aquele que está sob autoridade na igreja poderá receber
autoridade. Não é possível ser autoridade e ser independente. O exemplo é o que
respalda a autoridade.
No mundo, "os governadores dos povos os dominam" e "os
maiorais exercem autoridades sobre eles" (Mt 20.25). Além do mais, são
sempre servidos. No Reino de Deus, paradoxalmente, é bem diferente: a
autoridade é para servir: "quem quiser ser grande entre vós. será o que
vos sirva" (Mt 20.26-27). A motivação da autoridade deve ser sempre o
serviço. Não podemos usar a autoridade que recebemos em benefício próprio.
VIII. Conclusão
O princípio da autoridade deve ser
respeitado e vivido quotidianamente, pois é um princípio de Deus que,
praticado, é uma bênção. Abandonado, não respeitado, poderá redundar em
maldição. Davi, submisso à autoridade de Deus, foi, por Ele, considerado o
homem segundo o seu coração. Foi uma bênção.
"Todo homem esteja sujeito ás autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas." Rm 13.1
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